Esta atividade foi realizada durante a pandemia, em forma de palestra formativa em uma das escolas onde trabalho com a socialização do texto abaixo. Espero que seja de grande valia para todos os educadores e artistas. Boa leitura.
Nome da Escola: Escola
Municipal Antonino Martins da Silva
Nome da formação: Formação Específica “Educação infantil em
foco: do debate ao gesto de ressignificar as práticas”
Módulo: “Literatura: Leitura e Contação de Histórias
na educação infantil” -17/11/2020
Número de páginas: 16
Professora de AEE: Juliana Margarete Pinto ( na época Educadora
infantil)
Objetivo do material: Abordar
a relevância da Literatura Infantil e a importância da leitura para crianças.
Estudos sobre os processos de leitura e contação de histórias na Educação
Infantil. Apresentação de propostas de trabalho para bebês e a obra adequada
para cada fase da infância.
Referências Utilizadas: UBERLÂNDIA.
Diretrizes Curriculares Municipais de Uberlândia [recurso eletrônico].
Prefeitura Municipal de Uberlândia. 2020; CURSO PRIME de “Contação de
Histórias”; Autores específicos sobre
literatura infantil.
LITERATURA: LEITURA E
CONTAÇÃO DE HISTÓRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Aspectos gerais
-Os
contos transmitem a visão cultural da humanidade, estabelecendo uma relação
entre o homem e a natureza, estimulando a fantasia.
-Contar
histórias como um ato lúdico, de interação social entre o contador e o ouvinte.
-Contar
histórias é uma das formas mais usadas de comunicação.
-Contar
histórias: instrumento para o trabalho pedagógico.
-Obra
literária: riqueza dos aspectos formativos – O fantástico; O lúdico; O
simbólico.
Ato comunicacional
-
O
homem começou a contar histórias desde que desenvolveu a capacidade da fala. Na
antiguidade todos eram contadores, visto que além de servir para vencer o
tédio, era uma forma muito efetiva de se reunirem.
-As
histórias carregam um conhecimento acumulado durante muito tempo pela
humanidade, isso é transmitido através das gerações.
-Forma de transmitir conhecimento para preservar os valores e a cultura da sociedade.
Características e importância das histórias
-Descobrir o mundo
imenso dos conflitos, das dificuldades, dos impasses, das soluções, problemas.
-ABRAMOVICH
(1989, p. 17), “é ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções
importantes como: a tristeza, a raiva, a irritação, o medo, a alegria, o pavor,
a impotência, a insegurança e tantas outras mais, e viver profundamente isso
tudo que as narrativas provocam e suscitam em quem as ouve ou as lê, com toda a
amplitude, significância e verdade que cada uma delas faz (ou não) brotar.”
-Aborda
o mundo imenso da fantasia X realidade e
dos sentimentos.
-A
literatura tem papel fundamental na formação do ser humano, na conscientização
de valores e princípios.
-
Segundo
PUIG (1998, p.69), “a criança quando ouve histórias, consegue perceber as
diferenças que mostram os personagens bons e maus, feios e bonitos, poderosos e
fracos, facilita à criança a compreensão de certos valores básicos da conduta
humana ou do convívio social. Através deles a criança incorporará valores que
desde sempre regem a vida humana.”
-Permite
que as crianças expressem-se e vivam sentimentos, ideias, emoções, desejos.
-Através de histórias, as crianças desenvolvem a capacidade criadora (fantasia e imaginação), antecipa o futuro hábito de leitura e desperta a curiosidade pelo mundo em que vive (pessoas, animais e natureza).
Funções da literatura infantil
-As
3 finalidades mais abrangentes: educar, instruir e distrair.
-A
literatura infantil inspira e quer influir em todos os aspectos da educação do
aluno. Assim nas 3 áreas vitais do homem (atividade, inteligência e
afetividade), em que a educação deve promover mudanças de comportamento.
-A
leitura rápida e compreensiva do texto é um automatismo a ser desenvolvido
também pela literatura.
-A
leitura reflexiva, a aprendizagem de termos e conceitos conseguem-se também
pela leitura.
-As
preferências, os ideais e as atitudes, como o gosto pela leitura, o amor às
nossas coisas, são atingidos através da leitura.
-ANTONIETA
(1968), o objetivo da literatura infantil é desenvolver a sensibilidade e o
senso crítico.
A relevância das histórias infantis
para o desenvolvimento da criança do maternal
-Segundo
as concepções brunerianas apresentada pela pesquisadora Tizuko; Bruner (1986;
1996) valoriza as histórias infantis, do gênero contos de fadas, por sua
estrutura do tipo binário, de situações opostas, típicas do processo de
categorização.
-A
narrativa como categorização exige discriminar diferentes coisas como
equivalentes, agrupar objetos, eventos e povos em classes (Bruner; Goodnow;
Austin, 1956, p.1).
-Tizuko
Kishimoto (1986) escreve em sua pesquisa sobre as narrativas infantis binárias,
que são aquelas que destacam conceitos como bruxa boa e má, morar perto e
longe, caixa grande e pequena, que todas estas concepções evidenciam a
estrutura típica do pensamento infantil, e elas que auxiliam no processo de
categorização que as crianças utilizam em situações cotidianas para representar
o mundo a sua volta (Educação e Pesquisa, São Paulo, v.33, n.3.p.427-444,
set/dez. 2007).
-Processo
de categorização de Bruner- facilita a aprendizagem, pois identifica objetos do
mundo e reduz a complexidade do ambiente, mas requer motivos postos pelas
crianças e estratégias para sua finalização, isto quer dizer que o início de
tudo partirá da própria criança.
-Para
Bruner, deve-se criar um espaço que favoreça a iniciativa da criança, o
protagonismo, a aprendizagem e expressão do conhecimento.
-Abordar
as emoções como medo tristeza, raiva, alegria, espanto, pavor, insegurança,
tranquilidade, saudade e lembranças suscitando assim o imaginário de cada
criança.
-Ao
ouvir histórias a criança pode ter as suas curiosidades respondidas e conseguir
encontrar outras ideias para resolver questões (como os personagens da história
fizeram).
-É
uma possibilidade imensa de descobrir outros lugares, outros tempos, outra
cultura...
Características de uma boa obra para
crianças
-Imaginação:
a criança é levada a desconfiar dos livros, que lhe vêm tolher o melhor dos
bens: a liberdade. Tudo que na infância, impede o movimento é feito contra a
natureza e suportado a contragosto. O próprio adulto sente-se atraído pela fantasia,
e na verdade nunca a deixa completamente, ao tornar-se “gente grande”.
-Dramatismo
e a movimentação: a criança, irrequieta por natureza, incapaz de uma atenção
demorada, irá interessar-se naturalmente pelos livros onde a todo momento
apareçam fatos novos e interessantes, ou até mesmo recursos e situação
imprevistas.
-Desfecho
feliz: requisito essencial, sobretudo para as crianças mais novas. Normalmente
ela vive a história, e o final desagradável a feriria inutilmente.
-Evitar
descrições longas porque interrompe o desenvolvimento.
Como garantir uma boa roda de
história?
-Encantamento
do professor –É fundamental que o professor resgate as histórias que já
conhece, que gostava de ouvir quando criança, que leia livros infantis e amplie
seu próprio repertório de histórias
-Enredo
instigante – Um enredo interessante com começo, meio e fim e narrativas curtas
e vá introduzindo as mais longas aos poucos. Histórias de repetição e de
acúmulo também são bem-vindas com crianças pequenas.
-Força
da imagem – Na contação, o professor pode preparar cenários e usar adereços
e/ou fantoches. Oferecer esses apoios para as crianças bem pequenas ajuda a
construir mentalmente as cenas narradas. Preferência aos livros com ilustrações
visualmente claras e expressivas, já que as imagens também apoiam as
representações das crianças. Não são aconselháveis as ilustrações que contêm
muita informação ou “poluídas” visualmente.
-Hora
certa – Reservar um horário permanente na rotina para a leitura As crianças
pequenas precisam de estabilidade e momentos tranquilos para se sentirem seguras.
-Espaço
aconchegante – O espaço também é um aspecto básico a ser preparado
cuidadosamente. Deve ser aconchegante, de modo que as crianças possam ficar à
vontade e se sentir bem. Tapetes e almofadas favorecem o aconchego.
Preparação do professor
-
Conhecer e compreender a história antes da leitura ou contação e buscar as
formas de fazê-la e recursos, ensaiando antes.
-Regina
Machado, contadora de histórias e importante pesquisadora na área, diz que “o
importante inicialmente é a clareza de que é preciso buscar internamente uma
intenção”. Acrescenta que “servir fielmente à história é ter a possibilidade de
deixar-se levar por ela, permitindo que a história guie a voz, o gesto, o
olhar, a cadência da narração”.
-Se
for contar utilizando adereços – a preparação e o treino ajudam para que não
haja atropelos na hora da contação. Regina Machado diz que é preciso considerar
a “eficiência poética” do material escolhido; adequação dos objetos em relação
àquilo que se quer representar. Os elementos ajudam a criança a imaginar e a construir
a narrativa.
-Alguns
professores chegam a se vestir como personagens de contos de fada para ler e/ou
contar histórias.
Na hora da atividade
-O
professor pode antecipar o que será lido ou contado de forma breve e clara.
-Quando
a criança sabe o que vai escutar, é mais fácil se situar e acompanhar a
história. É importante estabelecer uma interlocução com as crianças.
-Olhar
em seus olhos, ficar alerta às reações e demonstrar que a leitura ou a contação
está sendo realizada para elas!
-Ao
se sentir mais segura e acolhida, a criança tem mais interesse em escutar
atentamente.
Semeando autonomia
-À
medida que as crianças forem desenvolvendo a fala, é interessante propiciar
momentos de reconto, ou seja, propor situações nas quais as próprias crianças escolhem
e contam as histórias de sua preferência.
-Podem
fazê-lo utilizando cenários e adereços, contando histórias conhecidas,
“acontecidas” ou inventadas, ou podem “ler” os livros que já conhecem.
-As
crianças devem também interagir com os cenários, fantoches etc. E devem ter a
oportunidade de manusear os livros. Para que sejam narradoras de suas próprias
histórias e aprendam a interessar-se pelo mundo letrado, as crianças precisam
brincar com essas situações.
-O
professor pode sempre expressar sua opinião sobre o que narrou, comentar
trechos estimulando as crianças a fazê-lo também.
Alguns valores trabalhados com
crianças através da literatura:
Alegria:
Boa disposição para fazer as coisas. Propensão a ver e mostrar o lado divertido
das coisas.
Compartilhar:
Dividir suas coisas com os demais. Reconhecer o direito ou o legítimo desejo
das outras pessoas usufruírem igualmente de pertences ou oportunidades.
Coragem:
Resolução, perseverança, firmeza perante situações novas e desafiantes.
Disciplina:
Obedecer ordens pré-estabelecidas, combinadas e anteriormente aceitas.
Capacidade de praticar atos que resultem no aprimoramento de si próprio ou de
sua comunidade.
Igualdade:
Reconhecimento de direitos iguais a todas as pessoas. Não se ater a
preconceitos e tratar todas as pessoas da mesma forma.
Paciência:
Ter resistência para suportar os reveses. Tranquilidade para esperar. Aceitar
as características e limitações dos demais. Entender que cada um tem seu
“ritmo” e saber conviver com isso.
Respeito:
Atenção às outras pessoas. Consideração pelas suas opiniões e atitudes.
Ler ou contar?
-O
hábito de compartilhar histórias: relações com o cuidado afetivo, construção da
identidade, desenvolvimento da imaginação, capacidade de escutar os outros e de
expressar ideias e sentimentos, etc
-Ao
ler uma história: interpretar de formas diferentes, modificar a entonação, a
altura ou o timbre de voz.
-Ao
participar de situações de leituras ou contação de histórias, além de se
divertir, as crianças aprendem mais sobre a língua que se fala, ampliam seu
repertório e seu universo imaginário, aprendem que as histórias não são objetos
estáticos, imutáveis, mas que podem ser recriadas, e aprendem como contar suas
próprias histórias.
-Situações
de leitura: aproximam a criança do universo letrado, instigam a curiosidade
pelos livros e seus conteúdos.
-Democratização da escrita - deve estar disponível a todos, mesmo àqueles que ainda não aprenderam a ler convencionalmente.
A escolha da obra literária para cada
idade
Segundo
Dohme (2000, p. 26), “para orientar a escolha das histórias é importante saber
exatamente os assuntos preferidos relacionados às faixas etárias.”
-1,2
anos: Nessa idade a criança ainda não se prende a uma história. É o movimento,
o tom de voz e o colorido das obras que irão despertar sua atenção. A leitura
deve ser composta por frases soltas, curtas, com assuntos presentes na
realidade da criança, utilizando palavras simples, próximas de seu vocabulário.
-2,3
anos: As histórias devem continuar curtas, com poucos detalhes e personagens. A
criança nessa idade vive a história como se fosse real. Tudo tem vida. Há
interação com os personagens e os acontecimentos, com a tentativa de explicar e
mostrar como são. Histórias de bichinhos, de brinquedos, animais com
características humanas (falam, usam roupa, tem hábitos humanos), histórias
cujos personagens são crianças.
-3
a 5 anos: Pouco a pouco as histórias passam a ser mais elaboradas, com maior
riqueza de vocabulário, embora simples e de fácil compreensão. A criança, nessa
fase, ainda se assusta com facilidade, por não separar completamente realidade de
fantasia. É preciso tomar cuidado com o tom de voz, os personagens malvados,
fatos muito assustadores... Faz parte de seu desenvolvimento essa fase do medo
e, conhecendo-a, não devemos utilizá-la como suporte para ensinamentos ou
lições de moral. Também é comum a leitura visual das imagens, onde a criança
cria sua história a partir da sequência presente no livro, sem se prender ao
código escrito. Histórias com bastante fantasia, histórias com fatos
inesperados e repetitivos, cujos personagens são crianças ou animais.
-6,7
anos: É um momento novo. Às vezes com dificuldade, as crianças começam a ler,
decifrando o código escrito e apropriando-se do texto. As histórias continuam
curtas, com vocabulário simples e usual, contendo assuntos que façam parte do
cotidiano das crianças, mesmo que subjetivamente. Aventuras no ambiente
conhecido (a escola, o bairro, a família, etc.), histórias de fadas, fábulas.
-8,9
anos: É a fase das histórias engraçadas, bem-humoradas. Os gibis são ótimos,
pois aliam essa característica à questão estética de um texto leve, de fácil
compreensão, rápido de ler e com personagens que fazem parte da realidade
vivenciada de cada criança. Nessa idade, normalmente, as crianças já dominam a
leitura e são capazes de fazerem interpretações.
-9,10
anos: A partir dessa idade, a criança passa a interessar-se por textos mais
longos, com histórias mais ricas e com maior número de personagens, diálogos e
situações diversas. Os temas mais atraentes a essa fase são as aventuras, as
ficções fantásticas e histórias reais.
-11
anos em diante: O interesse vão crescendo dos fatos reais, polêmicos, à
realidade social. Mas também há interesse nas grandes aventuras, nas invenções
e histórias de futuro, de séculos posteriores e do fim do mundo.
A poesia
-De
fácil aplicação em sala de aula: estruturas que brincam com o ritmo e a
musicalidade.
-Ela
desperta a sensibilidade e os valores estéticos, aprimora as emoções e a
sensibilidade, aguça sensações, etc.
-Brinca
com múltiplos significados, materializa o prazer, torna a criança receptiva às
manifestações de beleza.
-Abramovich
(1989) linguagem poética infantil, materializada através de cantigas de roda,
trava-línguas, par lendas, adivinhas, etc
-Importância
dos recitativos nas festividades patrióticas ou familiares, e a exemplaridade
ou sentimentalidade que caracterizavam tal poesia. (COELHO, 2000, p.224)
O processo comunicativo e a oralidade
A
forma narrativa instaura um processo de comunicação mínimo de alguém que narra
( o Narrador) algo ( a Intriga) para alguém ( Leitor). É o modo como se
estrutura essa relação significativa Narrador- Mensagem-Destinatário que
determina o eixo significativo da narrativa. Tudo depende do foco narrativo ou,
ainda, do ponto de vista que o Narrador assume frente àquilo que narra. (Palo,
1992, pg.43)
Na
Literatura Infantil o foco narrativo pode ser dividido em verbal e visual. As
duas tentam uma comunicação mais direta e próxima possível da criança, recupera
a tradição de oralidade do “Era uma vez” dos contos de fada; aquele momento de
transferência da experiência que o Narrador passa para aqueles que ouvem.
Falar
é algo visceral ao ser humano. A pessoa que fala tenta mostrar de forma
imediata ao interlocutor o objeto de sua fala, através da palavra, do ritmo, da
expressão corporal, entre outros. Esta mensagem oral cria uma imagem que
proporcionará a troca direta de experiências entre os interlocutores.
Segundo
Palo, enfrentar a oralidade é inaugurar um novo modo de narrar e de escrever.
Narrar no mesmo tom e compasso do viver – escreviver-, de tal forma que não
haja mais distância entre quem narra, o que narra e quem lê. Desta maneira,
cria uma sintonia na Literatura Infantil entre o Narrador, a Mensagem e o Receptor,
que interagem simultaneamente em contínuas experiências.
O
narrador tem um papel fundamental: escrever como se fala, onde ele irá captar o
repertório do seu público numa comunicação direta e envolvente.
A língua falada e a escrita
A
fala e a escrita são duas modalidades diferentes da língua. Na língua escrita
há mais exigências, em relação às regras da gramática normativa. Isso acontece
porque, ao falar, as pessoas podem ainda recorrer a outros recursos para que a
comunicação ocorra - pode-se pedir que se repita o que foi dito, há os gestos,
etc. Já na linguagem escrita, a interação é mais complicada, o que torna
necessário assegurar que o texto escrito dê conta da comunicação.
A
escrita não reflete a fala individual de ninguém e de nenhum grupo social. Por
essa razão, a fala e a escrita exigem conhecimentos diferentes. A maioria de
nós, brasileiros, falamos, por exemplo, "Eli me ensinô". O português
na variante padrão exige, no entanto, que se escreva assim: "Ele me
ensinou". Essas diferenças geram muitos conflitos.
A
língua pode mudar conforme o grupo social, a região, e o contexto histórico São
as chamadas variações linguísticas. A língua escrita e falada são dois meios de
comunicação distintos. A escrita representa um estágio posterior de uma língua.
A língua falada é mais espontânea, abrange a comunicação linguística em toda
sua totalidade. Além disso, é acompanhada pelo tom de voz, algumas vezes por
mímicas, incluindo-se fisionomias. A língua escrita não é apenas a
representação da língua falada, mas sim um sistema mais disciplinado e rígido.
No Brasil, por exemplo, todos falam a língua portuguesa, mas existem usos
diferentes da língua devido a diversos fatores. Dentre eles, destacam-se:
Fatores
regionais: é possível notar a diferença do português falado por um habitante da
região nordeste e outro da região sudeste do Brasil. Dentro de uma mesma
região, também há variações no uso da língua. No estado do Rio Grande do Sul,
por exemplo, há diferenças entre a língua utilizada por um cidadão que vive na
capital e aquela utilizada por um cidadão do interior do estado.
Fatores
culturais: o grau de escolarização e a formação cultural de um indivíduo também
são fatores que colaboram para os diferentes usos da língua. Uma pessoa
escolarizada utiliza a língua de uma maneira diferente da pessoa que não teve
acesso à escola.
Fatores
contextuais: nosso modo de falar varia de acordo com a situação em que nos
encontramos: quando conversamos com nossos amigos, não usamos os termos que
usaríamos se estivéssemos discursando em uma solenidade de formatura.
Fatores
profissionais: o exercício de algumas atividades requer o domínio de certas
formas de língua chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos,
essas formas têm uso praticamente restrito ao intercâmbio técnico de
engenheiros, químicos, profissionais da área de direito e da informática,
biólogos, médicos, linguistas e outros especialistas.
Fatores
naturais: o uso da língua pelos falantes sofre influência de fatores naturais,
como idade e sexo. Uma criança não utiliza a língua da mesma maneira que um
adulto, daí falar-se em linguagem infantil e linguagem adulta. Entende-se que a
linguagem falada é definida desde o momento que nascemos, pois começamos a nos
socializar, e consequentemente adquirimos os vocábulos, primeiro as vogais
aparecem em forma de grunidos, e com o passar do tempo já se percebe o
aparecimento das sílabas que por muitas vezes as consoantes se repetem, por
exemplo : "dadá" ,"gugu".
E
Linguagem escrita, só estamos prontos para ela quando já estamos no estágio de
maturação adequado juntamente com nosso desenvolvimento biológico, assim como o
psíquico, que é quem vai nos assessorar nessa área.
Sugestão de atividades
♦
Contação de histórias com elementos sensoriais
♦
Roda de histórias cantadas
♦
Prática de musicalização com instrumentos sonoros
♦
Escuta de poemas
Sobre os Contos de Fadas
-A
autora Vera Teixeira de Aguiar, em posfácio da coleção Era uma vez (contos de
Grimm), edição para as crianças, citada por Fanny em seu livro "Literatura
Infantil gostosuras e bobices", também descreve sobre a estrutura dos
contos de fadas, ela afirma que este gênero é muito rico para trabalhar com o
público infantil, porque parte de um problema vinculado à realidade (como
estado de penúria, carência afetiva, conflitos) que desequilibra a
tranquilidade inicial.
-O
desenvolvimento é uma busca de soluções para estes problemas, no plano da
fantasia, com a introdução de elementos mágicos (fadas, bruxas, anões, duendes,
gigantes, reis, princesas, rainhas, príncipes etc).
-A
restauração da ordem acontece no desfecho da narrativa, quando há uma volta ao
real.
-Os
contos de fadas com esta estrutura fixa permitem aos autores, de um lado
aceitar o potencial imaginário infantil, de outro, transmitem à criança a ideia
de que ela não pode viver indefinidamente no mundo da fantasia, sendo necessário
assumir o real no momento certo.
-Segundo
Bettelheim(1980), educador e terapeuta de crianças gravemente perturbadas,
quanto mais tentamos entender a razão destas histórias (os contos de fadas)
terem tanto êxito no enriquecimento da vida interior da criança, tanto mais
podemos perceber que estes contos, num sentido bem mais profundo do que os
outros tipos de leitura, começam onde a criança realmente se encontra no seu
ser psicológico e emocional.
-Falam
de suas pressões internas graves de um modo que ela inconscientemente
compreende e sem menosprezar as lutas interiores mais sérias que o crescimento
pressupõe, oferecem exemplos tanto de soluções temporárias quanto permanentes
para dificuldades prementes.
-Os
contos de fada transmitem a criança de forma múltipla: que uma luta contra
dificuldades graves na vida é inevitável e é parte intrínseca da existência
humana, mas que se a pessoa não se intimida mais se defronta de modo firme com
as opressões inesperadas e muitas vezes injustas, ela dominará todos os
obstáculos e, ao fim emergirá vitoriosa.
-Para
ele os contos de fadas são enriquecedores e satisfatórios para as crianças,
pois através deles pode-se aprender mais sobre os problemas interiores dos
seres humanos e sobre as soluções corretas para os seus problemas (BETTELHEIM,
1980, P.14).
Sugestões de livros para crianças de
zero a três anos
-A
Arca de Noé – Vinicius de Moraes – Companhia das Letras
-A
Arca de Noé – Recontado e ilustrado por Lucy Cousins- Brinque Book
-A
Casa Sonolenta – Audrey e Don Wood – Ática
-A
Família Ratatão – Romain Simon – Ática
-Aventuras
de um Macaco – May d’Alençon – Ática
-Bem-te-vi
e Outras Poesias – Lalau e Laurabeatriz – Companhia das Letrinhas
-Bichonário
– Nilson José Machado – Braga
-Brasileirinhos
– Lalau e Laurabeatriz – Cosac & Naif
-De
Vez em Quando – Eva Furnari – Ática
-Duas
Dúzias de Coisinhas à Toa que Deixam a Gente Feliz- Otávio Roth – Ática
-Histórias
com Poesia, Alguns Bichos & Cia. – Duda Machado – Editora 34
-Historinhas
de Contar – Natha Caputo e Sara Cone Bryant – Companhia das Letrinhas
-O
Balão Azul! – Graciela Montes e Nora Hilb – Livros do Tatu
-O
Gatinho Perdido – Deletaille Natacha – Ática
-O
Rei Bigodeira e Sua Banheira – Audrey e Don Wood – Ática
-O
Sapo Bocarrão – Keith Faulkner – Companhia das Letrinhas
-Ou
Isto ou Aquilo – Cecília Meireles – Nova Fronteira
-Outras
Duas Dúzias de Coisinhas à Toa que Deixam a Gente Feliz – Otávio Roth – Ática
-Quem
Tem Medo de Cachorro – Ruth Rocha – Global
-Todo
Dia – Eva Furnari – Ática
-Todo
Mundo Vai ao Circo – Gilles Eduar – Companhia das Letrinhas
-Traquinagens
e Estrepolias – Eva Furnari – Global
Indicações bibliográficas específicas
sobre literatura infantil
-Acordais:
Fundamentos Teórico-Poéticos da Arte de Contar Histórias, Regina Machado.
Editora DCL. Tel.: (11) 3932-5222.
-Através
da Vidraça da Escola: Uma Reflexão sobre a Importância da Leitura em Voz Alta
de Obras Literárias na Educação. Ilan Brennan – Tese de Mestrado. USP, 2005.
Disponível na Faculdade de Educação da USP – Serviço de Biblioteca e Documentação.
Tel.: (11) 3091-3433. E-mail: bibfe@edu.usp.br
-“Comunidade
de Leitores – Ideias para Quem Quer Ensinar a Gostar de Ler”, Luciana de
Oliveira Camargo. Revista avisa lá no 07 – jul/2001. Tel.: (11) 3032-5411.
-O
Diálogo entre o Ensino e a Aprendizagem, Telma Weisz. Editora Ática. Tel.: (11)
3900-2100.
-“O
Espaço da Leitura e da Escrita na Educação Pré-Escolar”, Emília Ferreiro. In:
Reflexões sobre Alfabetização. Ed. Cortez. Tel.: (11) 3873-7111.
-Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil: Movimento. MEC, 1998. Arquivos
disponíveis no site: www.mec.gov.br.
-“Um
Baú de Histórias para Ler e Contar”, Katilian D. M. do Nascimento. Revista
avisa lá no 16 – out/2003. Tel.: (11) 3032-5411.
Bibliografia do CURSO PRIME de
“Contação de Histórias”-
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil
Gostosuras e Bobices – 5ª edição. Editora: Scipione – 2002.
BETTELHEIM,
Bruno. A Psicanálise dos Contos de Fadas – 8ª edição. Editora: Paz e Terra –
1990.
COELHO,
Maria Betty. Contar Histórias: Uma arte sem idade. 9 ed. São Paulo: Ática,
1999.
CUNHA,
Maria Antonieta Antunes. Como ensinar literatura infantil. São Paulo, Bernardo
Alves, 1968.
DOHME,
Vânia. Técnicas de Contar Histórias. São Paulo: Informal, 2000.
KISHIMOTO,
Tizuko Morchida, Narrativas infantis: um estudo de caso em uma instituição
infantil, São Paulo, Educação e Pesquisa, v.33, n.3, p. 427-444,set./dez.2007.
LAJOLO,
Marisa; ZILBERMAM, Regina. Literatura Infantil Brasileira Histórias e Histórias
– 4ª edição. Editora: Ática – 1988.
PERRENOUD,
Philippe. Dez Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul,
2000.
VIGOTSKY,
Lev Semenovitch. Pensamento e linguagem. São Paulo, Martins Fontes, 1998.
ZILBERMAN,
Regina. Literatura Infantil Brasileira – História e Histórias. São Paulo, Ática,
1998.
Links Recomendados
https://avisala.org.br/index.php/assunto/reflexoes-do-professor/era-uma-vez-para-criancas-pequenas/
acesso em 16 de maio de 2020
https://barcelonasuperficies.com.br/blog/contacao-de-historias/acesso
em 16 de maio de 2020