quinta-feira, 9 de junho de 2022

Formação sobre contação de histórias para crianças da Educação Infantil

 Esta atividade foi realizada durante a pandemia, em forma de palestra formativa em uma das escolas onde trabalho  com a socialização do texto abaixo. Espero que seja de grande valia para todos os educadores e artistas. Boa leitura.

Nome da Escola: Escola Municipal Antonino Martins da Silva

Nome da formação: Formação Específica “Educação infantil em foco: do debate ao gesto de ressignificar as práticas”

Módulo:Literatura: Leitura e Contação de Histórias na educação infantil” -17/11/2020

Número de páginas: 16

Professora de AEE:  Juliana Margarete Pinto ( na época Educadora infantil)

Objetivo do material: Abordar a relevância da Literatura Infantil e a importância da leitura para crianças. Estudos sobre os processos de leitura e contação de histórias na Educação Infantil. Apresentação de propostas de trabalho para bebês e a obra adequada para cada fase da infância.

Referências Utilizadas: UBERLÂNDIA. Diretrizes Curriculares Municipais de Uberlândia [recurso eletrônico]. Prefeitura Municipal de Uberlândia. 2020; CURSO PRIME de “Contação de Histórias”;  Autores específicos sobre literatura infantil.

 

LITERATURA: LEITURA E CONTAÇÃO DE HISTÓRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Aspectos gerais

-Os contos transmitem a visão cultural da humanidade, estabelecendo uma relação entre o homem e a natureza, estimulando a fantasia.

-Contar histórias como um ato lúdico, de interação social entre o contador e o ouvinte.

-Contar histórias é uma das formas mais usadas de comunicação.

-Contar histórias: instrumento para o trabalho pedagógico.

-Obra literária: riqueza dos aspectos formativos – O fantástico; O lúdico; O simbólico.

 

Ato comunicacional

- O homem começou a contar histórias desde que desenvolveu a capacidade da fala. Na antiguidade todos eram contadores, visto que além de servir para vencer o tédio, era uma forma muito efetiva de se reunirem.

-As histórias carregam um conhecimento acumulado durante muito tempo pela humanidade, isso é transmitido através das gerações.

-Forma de transmitir conhecimento para preservar os valores e a cultura da sociedade.

Características e  importância das histórias

-Descobrir o mundo imenso dos conflitos, das dificuldades, dos impasses, das soluções, problemas.

-ABRAMOVICH (1989, p. 17), “é ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes como: a tristeza, a raiva, a irritação, o medo, a alegria, o pavor, a impotência, a insegurança e tantas outras mais, e viver profundamente isso tudo que as narrativas provocam e suscitam em quem as ouve ou as lê, com toda a amplitude, significância e verdade que cada uma delas faz (ou não) brotar.”

-Aborda o mundo imenso da fantasia X realidade  e dos sentimentos.

-A literatura tem papel fundamental na formação do ser humano, na conscientização de valores e princípios.

- Segundo PUIG (1998, p.69), “a criança quando ouve histórias, consegue perceber as diferenças que mostram os personagens bons e maus, feios e bonitos, poderosos e fracos, facilita à criança a compreensão de certos valores básicos da conduta humana ou do convívio social. Através deles a criança incorporará valores que desde sempre regem a vida humana.”

-Permite que as crianças expressem-se e vivam sentimentos, ideias, emoções, desejos.

-Através de histórias, as crianças desenvolvem a capacidade criadora (fantasia e imaginação), antecipa o futuro hábito de leitura e desperta a curiosidade pelo mundo em que vive (pessoas, animais e natureza).

Funções da literatura infantil

-As 3 finalidades mais abrangentes: educar, instruir e distrair.

-A literatura infantil inspira e quer influir em todos os aspectos da educação do aluno. Assim nas 3 áreas vitais do homem (atividade, inteligência e afetividade), em que a educação deve promover mudanças de comportamento.

-A leitura rápida e compreensiva do texto é um automatismo a ser desenvolvido também pela literatura.

-A leitura reflexiva, a aprendizagem de termos e conceitos conseguem-se também pela leitura.

-As preferências, os ideais e as atitudes, como o gosto pela leitura, o amor às nossas coisas, são atingidos através da leitura.

-ANTONIETA (1968), o objetivo da literatura infantil é desenvolver a sensibilidade e o senso crítico.

 

A relevância das histórias infantis para o desenvolvimento da criança do maternal

-Segundo as concepções brunerianas apresentada pela pesquisadora Tizuko; Bruner (1986; 1996) valoriza as histórias infantis, do gênero contos de fadas, por sua estrutura do tipo binário, de situações opostas, típicas do processo de categorização.

-A narrativa como categorização exige discriminar diferentes coisas como equivalentes, agrupar objetos, eventos e povos em classes (Bruner; Goodnow; Austin, 1956, p.1).

-Tizuko Kishimoto (1986) escreve em sua pesquisa sobre as narrativas infantis binárias, que são aquelas que destacam conceitos como bruxa boa e má, morar perto e longe, caixa grande e pequena, que todas estas concepções evidenciam a estrutura típica do pensamento infantil, e elas que auxiliam no processo de categorização que as crianças utilizam em situações cotidianas para representar o mundo a sua volta (Educação e Pesquisa, São Paulo, v.33, n.3.p.427-444, set/dez. 2007).

-Processo de categorização de Bruner- facilita a aprendizagem, pois identifica objetos do mundo e reduz a complexidade do ambiente, mas requer motivos postos pelas crianças e estratégias para sua finalização, isto quer dizer que o início de tudo partirá da própria criança.

-Para Bruner, deve-se criar um espaço que favoreça a iniciativa da criança, o protagonismo, a aprendizagem e expressão do conhecimento.

-Abordar as emoções como medo tristeza, raiva, alegria, espanto, pavor, insegurança, tranquilidade, saudade e lembranças suscitando assim o imaginário de cada criança.

-Ao ouvir histórias a criança pode ter as suas curiosidades respondidas e conseguir encontrar outras ideias para resolver questões (como os personagens da história fizeram).

-É uma possibilidade imensa de descobrir outros lugares, outros tempos, outra cultura...

 

Características de uma boa obra para crianças

-Imaginação: a criança é levada a desconfiar dos livros, que lhe vêm tolher o melhor dos bens: a liberdade. Tudo que na infância, impede o movimento é feito contra a natureza e suportado a contragosto. O próprio adulto sente-se atraído pela fantasia, e na verdade nunca a deixa completamente, ao tornar-se “gente grande”.

-Dramatismo e a movimentação: a criança, irrequieta por natureza, incapaz de uma atenção demorada, irá interessar-se naturalmente pelos livros onde a todo momento apareçam fatos novos e interessantes, ou até mesmo recursos e situação imprevistas.

-Desfecho feliz: requisito essencial, sobretudo para as crianças mais novas. Normalmente ela vive a história, e o final desagradável a feriria inutilmente.

-Evitar descrições longas porque interrompe o desenvolvimento.

 

Como garantir uma boa roda de história?

-Encantamento do professor –É fundamental que o professor resgate as histórias que já conhece, que gostava de ouvir quando criança, que leia livros infantis e amplie seu próprio repertório de histórias

-Enredo instigante – Um enredo interessante com começo, meio e fim e narrativas curtas e vá introduzindo as mais longas aos poucos. Histórias de repetição e de acúmulo também são bem-vindas com crianças pequenas.

-Força da imagem – Na contação, o professor pode preparar cenários e usar adereços e/ou fantoches. Oferecer esses apoios para as crianças bem pequenas ajuda a construir mentalmente as cenas narradas. Preferência aos livros com ilustrações visualmente claras e expressivas, já que as imagens também apoiam as representações das crianças. Não são aconselháveis as ilustrações que contêm muita informação ou “poluídas” visualmente.

-Hora certa – Reservar um horário permanente na rotina para a leitura As crianças pequenas precisam de estabilidade e momentos tranquilos para se sentirem seguras.

-Espaço aconchegante – O espaço também é um aspecto básico a ser preparado cuidadosamente. Deve ser aconchegante, de modo que as crianças possam ficar à vontade e se sentir bem. Tapetes e almofadas favorecem o aconchego.

 

Preparação do professor

- Conhecer e compreender a história antes da leitura ou contação e buscar as formas de fazê-la e recursos, ensaiando antes.

-Regina Machado, contadora de histórias e importante pesquisadora na área, diz que “o importante inicialmente é a clareza de que é preciso buscar internamente uma intenção”. Acrescenta que “servir fielmente à história é ter a possibilidade de deixar-se levar por ela, permitindo que a história guie a voz, o gesto, o olhar, a cadência da narração”.

-Se for contar utilizando adereços – a preparação e o treino ajudam para que não haja atropelos na hora da contação. Regina Machado diz que é preciso considerar a “eficiência poética” do material escolhido; adequação dos objetos em relação àquilo que se quer representar. Os elementos ajudam a criança a imaginar e a construir a narrativa.

-Alguns professores chegam a se vestir como personagens de contos de fada para ler e/ou contar histórias.


Na hora da atividade

-O professor pode antecipar o que será lido ou contado de forma breve e clara.

-Quando a criança sabe o que vai escutar, é mais fácil se situar e acompanhar a história. É importante estabelecer uma interlocução com as crianças.

-Olhar em seus olhos, ficar alerta às reações e demonstrar que a leitura ou a contação está sendo realizada para elas!

-Ao se sentir mais segura e acolhida, a criança tem mais interesse em escutar atentamente.

 

Semeando autonomia

-À medida que as crianças forem desenvolvendo a fala, é interessante propiciar momentos de reconto, ou seja, propor situações nas quais as próprias crianças escolhem e contam as histórias de sua preferência.

-Podem fazê-lo utilizando cenários e adereços, contando histórias conhecidas, “acontecidas” ou inventadas, ou podem “ler” os livros que já conhecem.

-As crianças devem também interagir com os cenários, fantoches etc. E devem ter a oportunidade de manusear os livros. Para que sejam narradoras de suas próprias histórias e aprendam a interessar-se pelo mundo letrado, as crianças precisam brincar com essas situações.

-O professor pode sempre expressar sua opinião sobre o que narrou, comentar trechos estimulando as crianças a fazê-lo também.

 

Alguns valores trabalhados com crianças através da literatura:

Alegria: Boa disposição para fazer as coisas. Propensão a ver e mostrar o lado divertido das coisas.

Compartilhar: Dividir suas coisas com os demais. Reconhecer o direito ou o legítimo desejo das outras pessoas usufruírem igualmente de pertences ou oportunidades.

Coragem: Resolução, perseverança, firmeza perante situações novas e desafiantes.

Disciplina: Obedecer ordens pré-estabelecidas, combinadas e anteriormente aceitas. Capacidade de praticar atos que resultem no aprimoramento de si próprio ou de sua comunidade.

Igualdade: Reconhecimento de direitos iguais a todas as pessoas. Não se ater a preconceitos e tratar todas as pessoas da mesma forma.

Paciência: Ter resistência para suportar os reveses. Tranquilidade para esperar. Aceitar as características e limitações dos demais. Entender que cada um tem seu “ritmo” e saber conviver com isso.

Respeito: Atenção às outras pessoas. Consideração pelas suas opiniões e atitudes.

 

Ler ou contar?

-O hábito de compartilhar histórias: relações com o cuidado afetivo, construção da identidade, desenvolvimento da imaginação, capacidade de escutar os outros e de expressar ideias e sentimentos, etc

-Ao ler uma história: interpretar de formas diferentes, modificar a entonação, a altura ou o timbre de voz.

-Ao participar de situações de leituras ou contação de histórias, além de se divertir, as crianças aprendem mais sobre a língua que se fala, ampliam seu repertório e seu universo imaginário, aprendem que as histórias não são objetos estáticos, imutáveis, mas que podem ser recriadas, e aprendem como contar suas próprias histórias.

-Situações de leitura: aproximam a criança do universo letrado, instigam a curiosidade pelos livros e seus conteúdos.

-Democratização da escrita - deve estar disponível a todos, mesmo àqueles que ainda não aprenderam a ler convencionalmente.

A escolha da obra literária para cada idade

Segundo Dohme (2000, p. 26), “para orientar a escolha das histórias é importante saber exatamente os assuntos preferidos relacionados às faixas etárias.”

-1,2 anos: Nessa idade a criança ainda não se prende a uma história. É o movimento, o tom de voz e o colorido das obras que irão despertar sua atenção. A leitura deve ser composta por frases soltas, curtas, com assuntos presentes na realidade da criança, utilizando palavras simples, próximas de seu vocabulário.

-2,3 anos: As histórias devem continuar curtas, com poucos detalhes e personagens. A criança nessa idade vive a história como se fosse real. Tudo tem vida. Há interação com os personagens e os acontecimentos, com a tentativa de explicar e mostrar como são. Histórias de bichinhos, de brinquedos, animais com características humanas (falam, usam roupa, tem hábitos humanos), histórias cujos personagens são crianças.

-3 a 5 anos: Pouco a pouco as histórias passam a ser mais elaboradas, com maior riqueza de vocabulário, embora simples e de fácil compreensão. A criança, nessa fase, ainda se assusta com facilidade, por não separar completamente realidade de fantasia. É preciso tomar cuidado com o tom de voz, os personagens malvados, fatos muito assustadores... Faz parte de seu desenvolvimento essa fase do medo e, conhecendo-a, não devemos utilizá-la como suporte para ensinamentos ou lições de moral. Também é comum a leitura visual das imagens, onde a criança cria sua história a partir da sequência presente no livro, sem se prender ao código escrito. Histórias com bastante fantasia, histórias com fatos inesperados e repetitivos, cujos personagens são crianças ou animais.

-6,7 anos: É um momento novo. Às vezes com dificuldade, as crianças começam a ler, decifrando o código escrito e apropriando-se do texto. As histórias continuam curtas, com vocabulário simples e usual, contendo assuntos que façam parte do cotidiano das crianças, mesmo que subjetivamente. Aventuras no ambiente conhecido (a escola, o bairro, a família, etc.), histórias de fadas, fábulas.

-8,9 anos: É a fase das histórias engraçadas, bem-humoradas. Os gibis são ótimos, pois aliam essa característica à questão estética de um texto leve, de fácil compreensão, rápido de ler e com personagens que fazem parte da realidade vivenciada de cada criança. Nessa idade, normalmente, as crianças já dominam a leitura e são capazes de fazerem interpretações.

-9,10 anos: A partir dessa idade, a criança passa a interessar-se por textos mais longos, com histórias mais ricas e com maior número de personagens, diálogos e situações diversas. Os temas mais atraentes a essa fase são as aventuras, as ficções fantásticas e histórias reais.

-11 anos em diante: O interesse vão crescendo dos fatos reais, polêmicos, à realidade social. Mas também há interesse nas grandes aventuras, nas invenções e histórias de futuro, de séculos posteriores e do fim do mundo.

 

A poesia

-De fácil aplicação em sala de aula: estruturas que brincam com o ritmo e a musicalidade.

-Ela desperta a sensibilidade e os valores estéticos, aprimora as emoções e a sensibilidade, aguça sensações, etc.

-Brinca com múltiplos significados, materializa o prazer, torna a criança receptiva às manifestações de beleza.

-Abramovich (1989) linguagem poética infantil, materializada através de cantigas de roda, trava-línguas, par lendas, adivinhas, etc

-Importância dos recitativos nas festividades patrióticas ou familiares, e a exemplaridade ou sentimentalidade que caracterizavam tal poesia. (COELHO, 2000, p.224)

 

O processo comunicativo e a oralidade

A forma narrativa instaura um processo de comunicação mínimo de alguém que narra ( o Narrador) algo ( a Intriga) para alguém ( Leitor). É o modo como se estrutura essa relação significativa Narrador- Mensagem-Destinatário que determina o eixo significativo da narrativa. Tudo depende do foco narrativo ou, ainda, do ponto de vista que o Narrador assume frente àquilo que narra. (Palo, 1992, pg.43)

Na Literatura Infantil o foco narrativo pode ser dividido em verbal e visual. As duas tentam uma comunicação mais direta e próxima possível da criança, recupera a tradição de oralidade do “Era uma vez” dos contos de fada; aquele momento de transferência da experiência que o Narrador passa para aqueles que ouvem.

Falar é algo visceral ao ser humano. A pessoa que fala tenta mostrar de forma imediata ao interlocutor o objeto de sua fala, através da palavra, do ritmo, da expressão corporal, entre outros. Esta mensagem oral cria uma imagem que proporcionará a troca direta de experiências entre os interlocutores.

Segundo Palo, enfrentar a oralidade é inaugurar um novo modo de narrar e de escrever. Narrar no mesmo tom e compasso do viver – escreviver-, de tal forma que não haja mais distância entre quem narra, o que narra e quem lê. Desta maneira, cria uma sintonia na Literatura Infantil entre o Narrador, a Mensagem e o Receptor, que interagem simultaneamente em contínuas experiências.

O narrador tem um papel fundamental: escrever como se fala, onde ele irá captar o repertório do seu público numa comunicação direta e envolvente.

 

A língua falada e a escrita

A fala e a escrita são duas modalidades diferentes da língua. Na língua escrita há mais exigências, em relação às regras da gramática normativa. Isso acontece porque, ao falar, as pessoas podem ainda recorrer a outros recursos para que a comunicação ocorra - pode-se pedir que se repita o que foi dito, há os gestos, etc. Já na linguagem escrita, a interação é mais complicada, o que torna necessário assegurar que o texto escrito dê conta da comunicação.

A escrita não reflete a fala individual de ninguém e de nenhum grupo social. Por essa razão, a fala e a escrita exigem conhecimentos diferentes. A maioria de nós, brasileiros, falamos, por exemplo, "Eli me ensinô". O português na variante padrão exige, no entanto, que se escreva assim: "Ele me ensinou". Essas diferenças geram muitos conflitos.

A língua pode mudar conforme o grupo social, a região, e o contexto histórico São as chamadas variações linguísticas. A língua escrita e falada são dois meios de comunicação distintos. A escrita representa um estágio posterior de uma língua. A língua falada é mais espontânea, abrange a comunicação linguística em toda sua totalidade. Além disso, é acompanhada pelo tom de voz, algumas vezes por mímicas, incluindo-se fisionomias. A língua escrita não é apenas a representação da língua falada, mas sim um sistema mais disciplinado e rígido. No Brasil, por exemplo, todos falam a língua portuguesa, mas existem usos diferentes da língua devido a diversos fatores. Dentre eles, destacam-se:

Fatores regionais: é possível notar a diferença do português falado por um habitante da região nordeste e outro da região sudeste do Brasil. Dentro de uma mesma região, também há variações no uso da língua. No estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, há diferenças entre a língua utilizada por um cidadão que vive na capital e aquela utilizada por um cidadão do interior do estado.

Fatores culturais: o grau de escolarização e a formação cultural de um indivíduo também são fatores que colaboram para os diferentes usos da língua. Uma pessoa escolarizada utiliza a língua de uma maneira diferente da pessoa que não teve acesso à escola.

Fatores contextuais: nosso modo de falar varia de acordo com a situação em que nos encontramos: quando conversamos com nossos amigos, não usamos os termos que usaríamos se estivéssemos discursando em uma solenidade de formatura.

Fatores profissionais: o exercício de algumas atividades requer o domínio de certas formas de língua chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas formas têm uso praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, químicos, profissionais da área de direito e da informática, biólogos, médicos, linguistas e outros especialistas.

Fatores naturais: o uso da língua pelos falantes sofre influência de fatores naturais, como idade e sexo. Uma criança não utiliza a língua da mesma maneira que um adulto, daí falar-se em linguagem infantil e linguagem adulta. Entende-se que a linguagem falada é definida desde o momento que nascemos, pois começamos a nos socializar, e consequentemente adquirimos os vocábulos, primeiro as vogais aparecem em forma de grunidos, e com o passar do tempo já se percebe o aparecimento das sílabas que por muitas vezes as consoantes se repetem, por exemplo : "dadá" ,"gugu".

E Linguagem escrita, só estamos prontos para ela quando já estamos no estágio de maturação adequado juntamente com nosso desenvolvimento biológico, assim como o psíquico, que é quem vai nos assessorar nessa área.

 

Sugestão de atividades

♦ Contação de histórias com elementos sensoriais

♦ Roda de histórias cantadas

♦ Prática de musicalização com instrumentos sonoros

♦ Escuta de poemas

 

Sobre os Contos de Fadas

-A autora Vera Teixeira de Aguiar, em posfácio da coleção Era uma vez (contos de Grimm), edição para as crianças, citada por Fanny em seu livro "Literatura Infantil gostosuras e bobices", também descreve sobre a estrutura dos contos de fadas, ela afirma que este gênero é muito rico para trabalhar com o público infantil, porque parte de um problema vinculado à realidade (como estado de penúria, carência afetiva, conflitos) que desequilibra a tranquilidade inicial.

-O desenvolvimento é uma busca de soluções para estes problemas, no plano da fantasia, com a introdução de elementos mágicos (fadas, bruxas, anões, duendes, gigantes, reis, princesas, rainhas, príncipes etc).

-A restauração da ordem acontece no desfecho da narrativa, quando há uma volta ao real.

-Os contos de fadas com esta estrutura fixa permitem aos autores, de um lado aceitar o potencial imaginário infantil, de outro, transmitem à criança a ideia de que ela não pode viver indefinidamente no mundo da fantasia, sendo necessário assumir o real no momento certo.

-Segundo Bettelheim(1980), educador e terapeuta de crianças gravemente perturbadas, quanto mais tentamos entender a razão destas histórias (os contos de fadas) terem tanto êxito no enriquecimento da vida interior da criança, tanto mais podemos perceber que estes contos, num sentido bem mais profundo do que os outros tipos de leitura, começam onde a criança realmente se encontra no seu ser psicológico e emocional.

-Falam de suas pressões internas graves de um modo que ela inconscientemente compreende e sem menosprezar as lutas interiores mais sérias que o crescimento pressupõe, oferecem exemplos tanto de soluções temporárias quanto permanentes para dificuldades prementes.

-Os contos de fada transmitem a criança de forma múltipla: que uma luta contra dificuldades graves na vida é inevitável e é parte intrínseca da existência humana, mas que se a pessoa não se intimida mais se defronta de modo firme com as opressões inesperadas e muitas vezes injustas, ela dominará todos os obstáculos e, ao fim emergirá vitoriosa.

-Para ele os contos de fadas são enriquecedores e satisfatórios para as crianças, pois através deles pode-se aprender mais sobre os problemas interiores dos seres humanos e sobre as soluções corretas para os seus problemas (BETTELHEIM, 1980, P.14).

 

Sugestões de livros para crianças de zero a três anos

-A Arca de Noé – Vinicius de Moraes – Companhia das Letras

-A Arca de Noé – Recontado e ilustrado por Lucy Cousins- Brinque Book

-A Casa Sonolenta – Audrey e Don Wood – Ática

-A Família Ratatão – Romain Simon – Ática

-Aventuras de um Macaco – May d’Alençon – Ática

-Bem-te-vi e Outras Poesias – Lalau e Laurabeatriz – Companhia das Letrinhas

-Bichonário – Nilson José Machado – Braga

-Brasileirinhos – Lalau e Laurabeatriz – Cosac & Naif

-De Vez em Quando – Eva Furnari – Ática

-Duas Dúzias de Coisinhas à Toa que Deixam a Gente Feliz- Otávio Roth – Ática

-Histórias com Poesia, Alguns Bichos & Cia. – Duda Machado – Editora 34

-Historinhas de Contar – Natha Caputo e Sara Cone Bryant – Companhia das Letrinhas

-O Balão Azul! – Graciela Montes e Nora Hilb – Livros do Tatu

-O Gatinho Perdido – Deletaille Natacha – Ática

-O Rei Bigodeira e Sua Banheira – Audrey e Don Wood – Ática

-O Sapo Bocarrão – Keith Faulkner – Companhia das Letrinhas

-Ou Isto ou Aquilo – Cecília Meireles – Nova Fronteira

-Outras Duas Dúzias de Coisinhas à Toa que Deixam a Gente Feliz – Otávio Roth – Ática

-Quem Tem Medo de Cachorro – Ruth Rocha – Global

-Todo Dia – Eva Furnari – Ática

-Todo Mundo Vai ao Circo – Gilles Eduar – Companhia das Letrinhas

-Traquinagens e Estrepolias – Eva Furnari – Global

 

Indicações bibliográficas específicas sobre literatura infantil

-Acordais: Fundamentos Teórico-Poéticos da Arte de Contar Histórias, Regina Machado. Editora DCL. Tel.: (11) 3932-5222.

-Através da Vidraça da Escola: Uma Reflexão sobre a Importância da Leitura em Voz Alta de Obras Literárias na Educação. Ilan Brennan – Tese de Mestrado. USP, 2005. Disponível na Faculdade de Educação da USP – Serviço de Biblioteca e Documentação. Tel.: (11) 3091-3433. E-mail: bibfe@edu.usp.br

-“Comunidade de Leitores – Ideias para Quem Quer Ensinar a Gostar de Ler”, Luciana de Oliveira Camargo. Revista avisa lá no 07 – jul/2001. Tel.: (11) 3032-5411.

-O Diálogo entre o Ensino e a Aprendizagem, Telma Weisz. Editora Ática. Tel.: (11) 3900-2100.

-“O Espaço da Leitura e da Escrita na Educação Pré-Escolar”, Emília Ferreiro. In: Reflexões sobre Alfabetização. Ed. Cortez. Tel.: (11) 3873-7111.

-Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: Movimento. MEC, 1998. Arquivos disponíveis no site: www.mec.gov.br.

-“Um Baú de Histórias para Ler e Contar”, Katilian D. M. do Nascimento. Revista avisa lá no 16 – out/2003. Tel.: (11) 3032-5411.

 

Bibliografia do CURSO PRIME de “Contação de Histórias”-

 ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil Gostosuras e Bobices – 5ª edição. Editora: Scipione – 2002.

BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos Contos de Fadas – 8ª edição. Editora: Paz e Terra – 1990.

COELHO, Maria Betty. Contar Histórias: Uma arte sem idade. 9 ed. São Paulo: Ática, 1999.

CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Como ensinar literatura infantil. São Paulo, Bernardo Alves, 1968.

DOHME, Vânia. Técnicas de Contar Histórias. São Paulo: Informal, 2000.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida, Narrativas infantis: um estudo de caso em uma instituição infantil, São Paulo, Educação e Pesquisa, v.33, n.3, p. 427-444,set./dez.2007.

LAJOLO, Marisa; ZILBERMAM, Regina. Literatura Infantil Brasileira Histórias e Histórias – 4ª edição. Editora: Ática – 1988.

PERRENOUD, Philippe. Dez Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

VIGOTSKY, Lev Semenovitch. Pensamento e linguagem. São Paulo, Martins Fontes, 1998.

ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil Brasileira – História e Histórias. São Paulo, Ática, 1998.

 

Links Recomendados

https://avisala.org.br/index.php/assunto/reflexoes-do-professor/era-uma-vez-para-criancas-pequenas/ acesso em 16 de maio de 2020

https://barcelonasuperficies.com.br/blog/contacao-de-historias/acesso em 16 de maio de 2020

 

 

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Um olhar na escuridão... E se você fosse cego?


 

 E o canal vai começando já com mais um vídeo. Preparem-se para discussões nos próximos vídeos, sobre como trabalhar encenações e contações de história para crianças com deficiência visual (congênita e adquirida) e auditiva; pois nem sempre os recursos convencionais de Libras e áudiodescrição serão plenamente satisfatórios. Além do mais precisamos entender uma série de fatores relacionados às deficiências intelectuais e o caráter comportamental humano/artístico/pedagógico, como no caso de autismo e síndrome de down. Ainda há muito a ser estudado, debatido e trabalhado na prática a fim de que nossos objetivos um dia sejam plenamente atendidos com nossos alunos.



domingo, 22 de maio de 2022

 Projeto Dança das Letras -

    Um projeto inovador, criado em meu escritório/estúdio doméstico improvisado com a finalidade de  transformar o saber e unir conhecimentos através de recursos e técnicas artísticas e linguísticas em prol das pessoas com deficiência. Como Atriz, Arteterapeuta, Arte-educadora e Professora de Atendimento Educacional Especializado não consigo visualizar e conceber a arte dissociada da saúde como um todo, saúde física, mental, emocional e até mesmo pedagógica. Exatamente, saúde pedagógica, pois se o sujeito não aprende, ele não se desenvolve em sua plenitude humana como ser individual e cidadão.





    Aos pais, mães, terapeutas, professores, artistas e pessoas com deficiência eu dedico este projeto e os convido  a fazer parte dele





terça-feira, 27 de agosto de 2019


 “Um Piquenique Muito Louco”

Eis um livro que traz  uma divertida aventura no “Reino dos Legumes” ao lado dos Monstros Colesterol e Infarto, além de uma bruxa muito atrapalhada.  



Adquiria já seu exemplar e colabore com o projeto de combate à obesidade infantil nas escolas públicas, além de atividades sociais, culturais e assistenciais do Grupo Somar Uberlândia que visa o auxílio às instituições de apoio para pessoas com deficiência, famílias carentes em situação de risco social e programas de geração de renda.

QUEM SOMOS


Grupo Somar- Somando Esforços pela Educação e Inclusão de todos.



 Artistas, educadores, pais e mães de alunos da rede municipal de educação. -Preocupados com a formação educacional e cultural de crianças e jovens, elaboramos projetos artísticos, literários e esportivos a serem desenvolvidos dentro e fora das escolas, que possam abarcar questões cotidianas, conteúdos escolares, temas sobre saúde, bulling, dentre outros.
 -Trabalhamos também a questão inclusão de pessoas com necessidades especiais tanto na rede regular de ensino como no mercado de trabalho.
-Contamos ainda com a colaboração de voluntários para formar programas de geração de renda e incentivo de retorno e permanência aos estudos para pessoas carentes, principalmente mães em situação de vulnerabilidade financeira e social e que não conseguem trabalhar por não ter onde deixar os filhos.

Sessão de autógrafos solidária em prol da AACD Uberlândia em 2017.

Em novembro de 2017, com o livro já publicado, porém sem um lançamento oficial ou execução do projeto que viria 2 anos depois, a autora realizou sessão de autógrafos com renda revertida para a AACD Uberlândia na Escola de Artes Circenses Mundo Circo de Daniel Vieira Brant que com muita alegria nos abriu as portas e nos apoiou. Em companhia de Célia Naeko Higa, membro do "Grupo Mãos que doam" atuante para obras da AACD Uberlândia com seu amado e inspirador filho Cassiano Enzo Yonemura.